17 June 2007

Casa Somera

Um excelente e económico alojamento rural numa aldeia simpática (Viniegra de Abajo). www.casasomera.com

A Aldeia da Luz de La Rioja

Mansilla de la Sierra. Assim se chama a povoação que em 1961 foi submergida pela albufeira com o mesmo nome, não sem antes se ter reconstruído numa cota superior uma aldeia substituta da primeira. Uma história muito parecida à Aldeia da Luz...
Sobrou da velha Mansillla a Eremita de Santa Catalina - um edifício românico do séc. XII - que está localizada mesmo no limite da albufeira (pelo menos agora que está cheia!) e uma ponte do século XV que foi retirada pedra a pedra do local original e instalada (sem qualquer contexto nem razão) à entrada da aldeia.
A mim pareceu-me uma aldeia descaracterizada, cujas casas têm uma tipologia de "bairro social" e onde se fazem obras totalmente alheias à realidade, que ao que parece são feitas com o argumento de atrair turistas... www.mansilla.org

Efeito Mariza ou sentir algo semelhante a orgulho

Ontem a Mariza cantou em Logroño. Foi no Riojaforum, ao lado do Ebro, perante uma sala meia vazia, mas recheada de emocionados apreciadores da neo-fadista. Seriamos 400? Não sei bem quantos, mas não houve um único que no final do concerto não tivesse aplaudido em pé e entusiaticamente. Portugueses seriamos quatro...
A Mariza esteve fantástica: além da figura atípica do fado que ela representa, a sua empatia inequívoca com o público, a voz versátil e que preenche o auditório mesmo sem microfone, a mistura do fado com ritmos populares portugueses e sonoridades africanas resultaram numa combinação que só enaltece a nossa cultura. Houve momentos em que não cabia dentro de mim. Obrigada Mariza por me fazeres sentir algo semelhante a orgulho em ser portuguesa.

Viana e César Borgia

Com vestígios de ocupação humana desde há 200.000 anos, é hoje uma pequena cidade de Navarra. Depois de anos e anos de grande vitalidade (obteve o título de cidade em 1630) passou pelas invasões francesas, pelas guerras carlistas (séc. XIX) e mais tarde pela guerra civil espanhola.
Hoje em dia vive um periodo de reflorescimento graças também ao facto de em 1507 César Bórgia - filho do papa Rodrigo Borgia e irmão de Lucrécia Borgia - ter morrido em terras de Viana, numa tentativa de resgatar o Castelo de Viana para o rei Juan Juan de Albret, seu cunhado. Este facto tem sido bem aproveitado para o turismo da cidade. Comemoram-se os 500 anos da morte de César Borgia e aproveita-se para recuperar património e atrair visitantes...

Mas a história não tem deixado descansar César Borgia. A localização dos seus restos mortais tem sido razão para muitas movimentações... Em 1507 foram sepultados no interior da Igreja de Santa Maria com todas as honras, por ordem do rei. Pouco tempo mais tarde, o bispo de Calahorra, considerou um sacrilégio que os restos de Borgia (que afinal era um filho de um papa!) estivessem no interior da igreja e mandou retirá-los. César foi para o meio da rua, literalmente. Foi sepultado no meio da Rua Mayor, onde "para que en pago de sus culpas le pisotearan los hombre y las bestias”. Em 1935 César Borgia recebe um espaço próprio. É-lhe esculpido um mausoléu que e colocado na porta da Câmara Municipal. Não durou muito. Durante a guerra civil é destroçado... Em 1953 Borgia volta à igreja, embora fique à porta. Na entrada da igreja de Santa Maria há uma lápide de mármore que assinala o local onde jaz o filho do papa Borgia. Mais informação sobre os Borgia em www.cesarborgia.com

14 June 2007

O ser português

No "Quinto Dia" da "Criação do Mundo", Miguel Torga expõe as sua reflexões sobre a viagem que tinha feito recentemente pela Espanha em plena guerra civil...

"Durante a viagem (...) apesar de horrorizado pela luta fraticida que o via travar, não me cansara de admirar a força afirmativa do povo espanhol, em todas as circunstâncias seguro da sua singularidade e grandeza. O mais humilde salamantino ou soriano, quando declarava a origem, como que atirava sobranceiramente um punhado de barro da meseta à cara do interlocutor. (...) O desgraçado lusíada, pelo contrário, sempre que se via forçado a nomear a terra de nascimento, tinha a sensação de que se denunciava. Impressionado há muito por essa marca do nosso carácter (...) cada vez se arraigava mais no meu espírito de que era preciso estar em graça para merecer certas pobrezas. (...) À semelhança do que acontecia na vida, que também nos é imposta e a que temos que dar sentido, assumindo-a, só num idêntico assenhoramento voluntário e corajoso do berço o poderíamos justificar. Mas só agora (...) via a dificuldade de atingir tal nobreza de alma. Muito poucos o conseguiam. De ai os ditirambos e os sarcasmos, lados do mesmo desespero."

A Garzeta anda em baixo...

Pois é. Tudo graças a este, este e este meninos, que absorvem todas as minhas energias...