11 December 2006

Fernando Ruas quer uma nova mochila...

De acordo com o DN Online de 11/12/2006:

Cultura e Ambiente são duas áreas a que os autarcas portugueses têm de dar mais atenção, passada a era do betão no poder local. Fernando Ruas, o autarca social-democrata de Viseu que lidera a Associação de Municípios Portugueses, mostra-se disponível para negociar já em 2007 com o Governo as competências e atribuições dos municípios. Mas, em contrapartida, alerta para a necessidade de a isso corresponder a adequada mochila financeira.

Sobre as autarquias e corrupção afirma: "Existe corrupção com certeza, até porque as autarquias são instituições bastante apetecíveis."

Podem ver entrevista completa em:
http://dn.sapo.pt/2006/12/11/nacional

8 December 2006

Outra piada do Governo Sócrates

"As políticas de desenvolvimento regional e local procurarão enquadrar e contrariar a tendência de excessiva litoralização do País e de desertificação do interior e outras zonas deprimidas, com o seu reverso que é a expansão descontrolada das áreas urbanas e urbanizáveis, sobretudo nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, com a correspondente concentração de recursos económicos e sociais." (Programa do XVII Governo Constitucional, Capítulo II, ponto 3)
(Que fique claro que não estou a fazer campanha nem contra-campanha. Eu sou apartidária e cada vez mais apolítica...)

Estratégia Nacional... de Desenvolvimento Sustentável?

Depois de uma busca constato que a Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável (2006) refere ZERO vezes a expressão Agenda 21 Local. Elucidativo do tipo de sustentabilidade que temos e buscamos?

Não sei, há algo nesta afirmação que me parece estranho...

"As alterações climáticas, a escassez de água e as cheias vão ser questões prioritárias durante a presidência portuguesa da União Europeia (UE) no segundo semestre de 2007. O anúncio foi feito pelo ministro do Ambiente, Francisco Nunes Correia, no encerramento do V Congresso Ibérico sobre Gestão e Planeamento da Água."

7 December 2006

Estou sempre a aprender...

A fronteira luso-espanhola, que se estende por 1234 Km - entre a foz do Minho e do Guadiana -, é a fronteira mais estável, mais antiga e mais extensa da União Europeia.

6 December 2006

Como alguém disse uma vez...

El hablar que no termina en acción, mejor suprimirlo.
(Thomas Carlyle)

4 December 2006

Prendas para oferecer este natal

Uma boa ideia de algo a oferecer aos amigos e familiares que já não precisam de nada... Oferecemos-lhes a oportunidade de ajudar quem precisa de coisas básicas.

Practical Action works together with some of the world’s poorest people throughout Africa, Asia and Latin America to help lift themselves out of poverty. Founded by Dr E F Schumacher, author of the best selling book Small Is Beautiful, Practical Action has, over the past forty years, worked with communities to develop a wide range of innovative and practical solutions to change people’s lives for the better. In an increasingly divided and fragile world, Practical Action aims to demonstrate and advocate the sustainable use of technology to reduce poverty in developing countries. www.practicalaction.org

Pintar a caixa

Cheguei ontem à conclusão que quando estou a pintar as telas têm sobre mim um efeito inibidor... Acho que sinto uma responsabilidade grande em fazer algo de jeito e como tal não me sai nada. De artista falta-me o talento, não o temperamento...
Ora bem, ontem cheguei à conclusão que os resultados são muito mais interessantes quando trabalho em restos de embalagens de cartão. A embalagem da massa, das meias, das bolachas são os meus suportes favoritos para pintar e o acrílico até agora não me decepcionou. Gosto da simplicidade de utilização e do resultado deste material tão versátil...

PARABÉNS SÃO!!

Um beijinho grande desde Logroño. Já estou com saudades...

29 November 2006

Os 'antigos' amigos...

Há pouco tempo escrevia um cronista do El País que é misteriosa a forma como ao longo do tempo vamos perdendo o contacto e o hábito de estar com alguns amigos, em particular com grupos de amigos. Razões: diferendos? decepções? Às vezes não há razões aparentes para o afastamento dos amigos. Simplesmente acontece...
Não sei se é assim tão simples. O que sei é que por vezes ainda ecoam na minha cabeça os animados encontros, jantares, passeios com amigos que agora estão longe (e não me refiro só a distância geográfica). Na verdade, não me lembro quando nem porquê nos afastamos... embora consiga sugerir uma data e uma razão. Definitivamente ainda não aprendi a viver com isto.

Saudades do que nunca fui

Às vezes tenho saudades do que nunca fui e medo do que vou ser.

27 November 2006

Dinólico

Uma paisagem insólita em Enciso...

A cidade cinzenta lavou a cara

A capital económica do país basco, Bilbo (em Basco) está dividida pelo estuário do Nervión. Por isso se chamará Bilbo porque"bi albo" significa "dos dois lados" em basco.
Esta cidade que ainda carrega a pesada carga de ser denominada de "cinzenta e industrial" parece estar a sofrer uma metamorfose. Com o declínio industrial aprendeu a diversificar as suas actividades e está a lavar a sua cara com a ajuda de arquitectos famosos como Frank O. Gehry (Museu G.) , Norman Foster (Metro), Santiago Calatrava (Ponte Pedonal Zubizuri) e Arata Isozaki (Torres gémeas... sim é mesmo assim...)
A zona ao lado do estuário é pedonal, pelo menos no centro, é fácil atravessar a pé para o outro lado através de pontes pedonais e mistas. Há um metro de superfície que une os principais pontos... A cidade surpreendeu-me muito positivamente.
(na foto "Puppy" de Jeff Koons, o cão de guarda do Museu Guggenheim)

Museu Guggenheim Bilbau comemora 10 anos em 2007

Este belíssimo museu de Frank O. Gehry, que ajudou Bilbau a transformar-se, vai fazer 10 anos no próximo ano. Para comemorar essa data o Museu encomendou um projecto de intervenção artística para a Ponte de La Salve, uma das principais entradas de veículos na cidade, e que passa literalmente ao lado do Guggenheim.
Ao convite do Museu responderam três artistas, cujos projectos podem ser vistos e votados pelos visitantes do Museu até esta semana. Para quem quiser conhecer os projectos:
http://www.guggenheim-bilbao.es/caste/exposiciones/permanente/la_salve/la_salve.htm

Ponte Pênsil da Bizkaia já deu 31 voltas ao mundo

A Ponte Pênsil da Bizkaia une os dois lados do estuário do Nérvion, já muito perto do grande Porto de Bilbau. Getxo e Portugalete são as duas comunidades que podem trocar pessoas, veículos e mercadorias através desta estranha ponte cuja estrutura nos faz lembrar a ponte D. Luís ou a Torre Eiffel. António Palácios foi o arquitecto e a ponte foi inaugurada em 1893.
As pessoas e carga são transportadas como se viajassem num teleférico numa estrutura que se chama "barquilla". Até ao momento já transportou mais de 650 milhões de pessoas e apesar da pequena distância que separa Portugalete y Getxo a pequena "barquilha" já viajou uma distância equivalente a 31 voltas à Terra. Pelo menos é o que se diz por lá...
Por ser a ponte desta natureza mais antiga do mundo e ser claramente engenhosa foi declarada Património da Humanidade em Julho de 2006.

100% ÁFRICA no Guggenheim de Bilbau até Fevereiro


Uma exposição no mínimo colorida e heterogénea que reune artistas contemporâneos de mais de 15 países da África subsahariana. Uma forte mistura entre cultura local e utopias para o continente através da escultura, fotografia, pintura e desenho. Gostei muito.

O beijo da pulga ou kukuxumusu

O inteligente projecto, mais conhecido pela divertida e impronunciável (à primeira!) palavra KUKUXUMUSU, nasceu em Iruñea (Pamplona) em 1989 pelas mão de Mikel Urmeneta e mais dois amigos. Hoje em dia tem mais de 20 lojas em toda a Espanha e continua a viver do bom humor que caracterizou a sua "eclosão"...
www.kukuxumusu.com

22 November 2006

Uma portuguesa em Espanha reflecte sobre "As reflexões de um espanhol em Portugal"


Ando a ler um livro chamado "Reflexões de um espanhol em Portugal" (Federico González) que, não sendo de todo um livro que eu possa chamar sequer de "interessante", traz a lume algumas das principais diferenças culturais e mesmo estruturais entre Portugal e Espanha...
Por exemplo, logo nos primeiros capítulos apresenta dados que explicam porque é que Portugal está actualmente atrás da Espanha em termos de desenvolvimento económico.
Segundo o González, e suportado por algumas referências bibliográficas, isso acontece por uma complexa combinação de circunstâncias:

1. O Salazar era muito conservador e o Franco "desenvolvimentista" (veja-se o exemplo de Palma de Maiorca e de Bilbau de hoje, que foram na altura de Franco estrategicamente definidas como áreas de desenvolvimento turístico e industrial, respectivamente). Em particular refere que Salazar não gostava do risco e condicionou a industrialização.

2. Na altura da transição para as democracias os dois países passaram por experiências muito distintas.
A Espanha conseguiu "pela única vez na sua história" consenso entre diferentes partes e a classe média espanhola (30% da população era constituída por pequenos e médios empresários) encarou a transição como uma oportunidade. Também a classe "operária" viu aqui uma possibilidade de ascenção. Foram estas pequenas empresas que protagonizaram grande parte do desenvolvimento económico espanhol.
Segundo o autor e as suas fontes, em Portugal a transição foi mais polarizada, conduzindo à anulação do empresariado e à "sacralização do espírito do funcionário". Tudo o que é público é positivo e a iniciativa privada é encarada como negativa. O autor refere que "foi nesta altura que se gerou uma mentalidade de conformismo nos portugueses, isto é, acontecesse o que acontecesse o estado providenciaria."
De referir que a estrutura de classes no país era também muito polarizada - as "famílias" e elites a concentrar a riqueza e a maioria da população na pobreza, sem grande vislubre de futuro.
Por esta altura Portugal estava também a ser expulso de Angola, Moçambique, Guiné e Cabo Verde e naturalmente sofreu com o corte dos recursos que dai vinham e com os "retornados" que voltavam a casa para começar do zero.
Voltarei a algumas ideias deste livro mais tarde...

In the country of last things

Paul Auster é um autor que me marcou pela sua crueza e sensibilidade simultâneas. Pelo facto de olhar para si e para os outros com a lupa do realismo. Este ano, que recebeu o prémio Letras Principe de Astúrias, queria prestar-lhe uma espécie de homenagem com uma citação de um livro que gostei muito: 'In the country of last things'.

"so many of us have become like children again. It's not that we make an effort, you understand, or that anyone is really conscious of it. But when hope disappears, when you find that you have given up hoping even for the possibility of hope, you tend to fill the empty spaces with dreams, little childlike thoughts and stories to keep yourself going"

A origem da lingua castelhana


O espanhol como língua materna será o terceiro idioma mais falado no mundo em 2050, na frente do inglês e atrás apenas do mandarim e do híndi, devido ao peso demográfico da China e da Índia, segundo estimativas de evolução linguística recentes.
Em Espanha vivem apenas 10% dos hispanoparlantes do mundo, cifrados entre 400 milhões e 428 milhões de pessoas.
Esta imagem foi tirada nos Mosteiros de Yuso e de Suso, onde terá nascido o castelhano. Reza a história que no Mosteiro de Suso, algures em 997, um monge anónimo atreveu-se a interpretar um texto em latim e a fazer anotações escritas na língua que ele e os seus conterrâneos usavam...

Tenho medo de ser do tamanho do que vejo


"Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura..."
Alberto Caeiro

Gosto muito desta frase embora ache que às vezes quando me sinto do tamanho do que vejo e não da minha altura acabo por me sentir a viver nas nuvens...

(imagem de Angola tirada pelo Nuno)

13 November 2006

A Saúde em Espanha: o que podemos aprender?

A semana passada, por valente azar, tive que experimentar o serviço de saúde espanhol. Não como paciente mas como assustada espectadora. Fiquei absolutamente impressionada com a rapidez e eficácia do sistema. Depois de uma chamada do 112 rapidamente atendida com aconselhamento directo pelo médico, foi necessário que uma equipa se deslocasse aqui a casa. Como a situação estava já controlada a médica disse que iria demorar um pouco: em cerca de meia hora chegou acompanhada de uma enfermeira. Depois de alguns testes básicos e um diagnóstico normal acharam, no entanto, que seria mais prudente que houvesse um atendimento directo nas urgências. Chamaram uma ambulância através do 112. Em menos de 15 minutos chegou a dita. Depois da entrada nas urgências fui remetida à sala de espera, onde aguardei calmamente (mais ou menos...) que me chamassem para me dar novidades, como me tinham explicado que fariam quando fiz o registo do paciente. Ao fim de algum tempo a médica chamou-me para explicar o que se estava a passar. Depois do período inicial de exames, já na fase de "observações", voltei a ser chamada e pude entrar alguns minutos. As salas de observações são locais calmos, onde os doentes estão instalados com comodidade e com alguma privacidade. Todos os exames foram efectuados e o diagnóstico bom. Voltamos a casa. Não pagamos um único cêntimo por nada.
Nas regulares consultas médicas no centro de saúde é igual. Marcam-se para a mesma semana, não é preciso esperar no "guichet" para dar entrada ou pagar, entra-se directamente para a sala de espera e é-se chamado na hora marcada.
A saúde em Espanha tem destas coisas inacreditáveis: não pagam (mais do que nos impostos) e ainda por cima funciona! Como conseguirão?
E não creiam que este é um comentário de uma inexperiente no sistema de saúde português: eu vou militantemente ao centro de saúde (onde uso o "livro amarelo" sempre que necessário) e infelizmente conheço bem alguns hospitais desde as urgências às UCI... Só vos digo: a saúde em Portugal precisa de ir ao médico! (mas aqui em Espanha, senão...)

Espanha a saque ou o cancro da segunda habitação

Eu tenho tido sempre uma posição muito crítica em relação a Portugal e mais benevolente em relação ao que vejo por cá em terras hispânicas ao ponto de às vezes me questionar se estarei deslumbrada. Mas não, não estou.
Se há aspectos que verdadeiramente me impressionam pela sua eficiência, por exemplo a saúde, há outras questões que são um verdadeiro buraco negro. Uma delas é a questão da construção e da corrupção imobiliária quase instituída.
Todos os anos se constroem, em Espanha, 800 mil casas, um valor superior à soma da edificação em Inglaterra, Alemanha e Itália. E isto porque 1997 com a revisão da Lei do Solo considerou-se que todo o solo rústico era susceptível de ser urbanizado. Ou seja, que milhões de hectares passavam a estar disponíveis. Logicamente os municípios viram nisto uma oportunidade de gerar receitas e foi assim que, em poucos anos a superfície edificada aumentou 40 por cento. A somar a isto são admitidos os acordos urbanísticos, um mecanismo legal através do qual um promotor com solo não apto para a construção pode negociar com a câmara a reclassificação dos terrenos e o volume de construção se paga uma compensação. Tudo passou a ser permitido.
O cenário é concluído com um último dado: o investimento imobiliário é utilizado como refúgio do "dinheiro negro" de várias procedências. Em Espanha, constata o Banco central, circulam um terço das notas de 500 euros da União Europeia, e é admitido que cerca de 25 por cento do PIB corresponde à "economia submersa". Ou seja, que escapa à tributação e encontra investimento - "lavagem"- no sector imobiliário. Nas áreas de influência das grandes cidades existem 1,29 milhões de casas vazias e nas províncias costeiras são perto de 639 mil as residências não ocupadas. Estes são só alguns factos e números da calamidade.

Mas nem tudo é assim tão mau
Este fim de semana - em que estive pela Costa Branca (Valência e Alicante) - li no El País com contentamento que o Tribunal Superior de Justiça valenciano advertia que "La urbanización de millones de metros cuadrados de suelo al margen de los planes generales de ordenación urbana no es compatible con un desarrollo sostenible" ao mesmo tempo que paralisava um plano urbanistico em Parcent, uma localidade alicantina onde vivem 1.000 pessoas e onde estava projectada a construção de um mínimo de 1.500 novas casas. Pelo menos a justiça vai funcionando e a obra foi condenada antes de ser iniciada...

Os meus óculos-filtro de turista
Ao olhar à minha volta quando se passa na maior parte das áreas das províncias de Valência e Alicante é que há ali um cancro cavalgante. A sério. É impressionante como as casas trepam pelas encostas das montanhas, caem até aos limites das escarpas. E apesar do caos já dominante é ainda mais surpreendente a concentração de guindastes que se pode ver em cada quadrado de 100m de lado. Ou seja, a grande obra continua e todo o cenário é complementado com prolíferos cartazes em inglês e alemão que anúnciam as melhores casas em Espanha, em cenários idílicos... E vivam todos os Benidorm desta costa!

Na imagem: A mancha verde lá atrás já não existe. Agora vêem-se bandas imensas de moradias.

Será que o meu dinheiro tem ido para aqui?


Esta é uma espécie de continuação de um post anterior no qual eu perguntava "Para onde vai o meu dinheiro?". Encontrei a informação seguinte num artigo publicado esta semana no Diário Económico sobre a situação da corrupção em Portugal e deitei-me a pensar: "será que...?". Escusado será dizer que tive pesadelos.
"Entre Janeiro de 2005 e Outubro deste ano, o Ministério Público abriu mais de oito mil inquéritos relativos a indícios de fraudes, corrupção, branqueamento de capitais, crimes fiscais e infracções de tecnologias informáticas. Os fundos movimentados pela economia paralela poderão envolver cerca de 9% do PIB.
A média é de 13 inquéritos por dia, incluindo fins-de-semana, feriados e dias santos. No relatório de segurança interna de 2005 há uma referência, com origem nos Serviços de Informações da República, segundo a qual a criminalidade económica e financeira se “consolidou” em Portugal."
"(…) Dos inquéritos em investigação na PJ, mais de 42% dizem respeito a indícios de corrupção na Administração Local. Este parece ser o campo por excelência da promiscuidade entre partidos e dirigentes políticos, urbanismo, negócios imobiliários e campanhas eleitorais. Em Agosto de 2005, o vice-presidente da Câmara do Porto, Paulo Morais, declarou que o urbanismo é, em grande número de câmaras, “a forma mais encapotada e sub-reptícia de transferir bens públicos para a mão de privados”. Paulo Morais não entrou na lista seguinte para a Câmara do Porto."

"(…) O director de programas mundiais do Banco Mundial, Daniel Kaufman, defendeu em Setembro do ano passado que o desenvolvimento português tem vindo a ser travado pela corrupção e que, controlando a corrupção, Portugal podia estar ao nível de desenvolvimento da Finlândia, o país europeu com maior nível de confiança nas instituições. Mas a corrupção e demais criminalidade económica e financeira, ao que tudo indica, tem andado fora de controlo."

http://diarioeconomico.sapo.pt

6 November 2006

Alerta: mergulhar (na informação) pode danificar os nervos

Esta última semana estive a trabalhar em conteúdos para uma exposição sobre água. O objectivo era mostrar ao visitante deste espaço como a sua região é rica em valores naturais, culturais, patrimoniais e como a água tem desempenhado ao longo da história um papel fundamental na origem e manutenção desses valores. Isso enquadra depois o resto do conteúdo sobre uma empresa que trata água para abastecimento e recolhe e trata esgotos. A propósito disto tive que fazer uma extensa pesquisa de dados... E é sobre isso que queria partilhar algumas linhas.
Encontrar dados fiáveis sobre o que quer que seja em Portugal é muito complicado. Se consultar três fontes distintas e expectavelmente "de confiança" para o cidadão, por exemplo a página na internet de uma autarquia, da região de turismo e do instituto de conservação da natureza, podem sair dados tão díspares e difíceis de verificar que torna a missão de juntar informação quase impossível. E não estou a falar de informação "reservada"...
Eu precisei do triplo do tempo razoavelmente necessário para escrever o conteúdo porque precisei de fazer confirmações e contra-testes a essas confirmações numa base horária. Sim, porque a cada hora - enquanto tentava tratar os dados para depois começar a escrever - estava a descobrir algo de novo! Mesmo dentro dos dados de uma única entidade - mas em fontes documentais diferentes - podemos encontrar números flagrantemente díspares.
Só posso concluir uma de duas coisas: ou no nosso país as pessoas que dizem que a matemática é um "bicho de sete cabeças" para a maioria têm muita razão ou os números em Portugal têm a grande facilidade de ser "contorsionistas": ora esticam para um lado, ora para o outro, ora para lado nenhum.
Mas o que mais me choca de tudo é a total e absoluta falta de coordenação e desconhecimento mútuo dos "achados e feitos" das várias entidades e muito particularmente a pobreza generalizada da informação nas páginas municipais.
Uma autarquia que se preze deveria manter actualizados os valores municipais e os projectos na área do ambiente, turismo, sociedade. Esses dados são essenciais para a valorização dos territórios, quanto mais não seja para a promoção turística. É importante dizer se o município está integrado numa rede natura 2000 ou numa área protegida, se tem imóveis de interesse público classificados (além das habituais igrejas, ermidas e pelourinhos...), que actividades de lazer e cultura são oferecidas, entre muitas outras informações úteis a residentes e visitantes que agora não vou enumerar porque o texto já vai muito longo...
Para não multiplicar esforços, assumindo que existem entidades supramunicipais ou regionais com competências específicas em certas áreas (por exemplo, o turismo) pelo menos deveriam as páginas municipais sistematicamente encaminhar para essas entidades. Já que em Portugal os municípios de associam aparentemente 'livre e caoticamente' para dar resposta a diferentes reptos, um determinado municipio X deveria informar os seus munícipes que para tratar questões da água estou com estes, para tratar dos resíduos estou com aqueles, para o turismo com aqueloutros e por ai adiante. Fica a sugestão, se valer.

5 November 2006

Chegou o frio, o vento, a chuva e um airo


Ontem foi aquele dia do ano em que sentimos que o tempo mudou. Até agora, apesar de uns dias já terem estado mais frescos e já ter chovido, ainda não se tinha sentido realmente o Outono. As folhas de todas as cores das caducifólias e dos vinhedos e a lindíssima luz outonal eram realmente os únicos sinais...
O ponto de viragem de ontem foi muito evidente - as folhas começaram a cair em massa e o vento - mais intenso - mantém-nas a planar e a rodopiar à nossa frente. Sente-se já aquele friozinho cortante da montanha a querer penetrar por todas as falhas e poros da nossa roupa e o cinzento domina o dia.
Esta manhã, ao fazer a habitual cainhada de domingo ao lado do Ebro, além dos patos, do galeirão, do mergulhão, das garças reais, dos corvos marinhos (naquela típica postura de asas abertas que me faz sempre lembrar os exibicionistas de rua!) e de uma ou duas cegonhas que se inibiram de migrar para o sul, estava uma ave de aspecto raro para aquele habitat. Depois de olhar e re-olhar identificamos um airo (Uria aalgae). Esta ave marinha tão parecida com um pinguím à qual os islandeses chamam um petisco!
Foi mais uma surpresa que o Ebro nos trouxe...

3 November 2006

Un mar de fueguitos...

Esta manhã acordei com esta história muito acesa na minha cabeça. Não sei bem porquê, talvez por ter passado a noite meia acordada depois de um chá vermelho mesmo antes de me deitar...
E está tão forte no meu consciente que preciso de a partilhar.
"Un hombre del pueblo de Neguá, en la costa de Colombia, pudo subir al alto cielo. A la vuelta, contó. Dijo que había contemplado, desde allá arriba, la vida humana. Y dijo que somos un mar de fueguitos.
- El mundo es eso - reveló. Un montón de gente, un mar de fueguitos.
Cada persona brilla con luz própria entre todas las demás. No hay dos fuegos iguales. Hay fuegos grandes y fuegos chicos y fuegos de todos los colores. Hay gente de fuego sereno, que ni se entera del viento, y gente de fuego loco, que llena el aire de chispas. Algunos fuegos, fuegos bobos, no alumbran ni queman; pero otros arden la vida con tantas ganas que no se pueden mirarlos sin parpadear, y quien se acerca, se enciende".

O texto é do autor uruguaio Eduardo Galeano e foi retirado do livro "El libro de los abrazos", que é simplesmente fantástico.

O fiel jardineiro

Hoje estive numa conferência Internacional aqui em Logroño – II Foro Mundial de Urbanismo de Pequenas y Medianas Ciudades-Región (para quem quiser saber mais está em http://www.territorios21.com/) e no meio do habitual desfilar de “especialistas” engravatados com os seus mais ou menos intragáveis mapas, esquemas de letra ilegível e apresentações feitas à última da hora, saiu algo novo. Uma pessoa que se afirma “ser jardineiro” mais do que qualquer outra coisa e que “ainda espera vir a ser agricultor”. Convém dizer que este senhor – Fernando Caruncho – é um paisagista com 30 anos de experiência e tem mais de uma centena de projectos em todo o mundo, entre os quais o Jardim Botânico de Madrid, e ainda uma lista de publicações de fazer inveja a qualquer catedrático.
E este “fiel jardineiro” não levou apresentações, nem gráficos, nem imagens, nem esquemas. Levou uma mensagem. Clara, curta e gritante: hoje em dia a cidade constrói-se em cima do campo, da paisagem agrícola. Também em cima da floresta mas acima de tudo da paisagem agrícola. E ao destruirmos a paisagem agrícola estamos a destruir a nossa memória. Hoje em dia quem toma decisões tem muito pouco respeito pelo “campo” – pouco respeito estético, ambiental e acima de tudo moral. Aos agricultores devemos muito, pois eles garantem, no limite, o nosso sustento económico e também espiritual. Como dizia Confúcio “compro arroz para viver e flores para ter uma razão pela qual viver”…
E há coisas que alguns decisores políticos deveriam escutar com atenção para ver se além de governar para comer encontram alguma razão decente pela qual governar.

31 October 2006

A pintura continua a evoluir… a minha é que nem por isso

Para os mais curiosos sobre o meu processo criativo cá vai a minha mais recente "obra".
Como eu já disse no título, a pintura evolui todos os dias... Mas eu só continuo a experimentar :-) Desta vez foram as texturas, os limites, as sombras e a mistura de materiais...

Frank O. Gehry e a vida real

O fim de semana passado, depois de um excelente almoço e de uma boa hora de siesta – não há nada como adoptar os bons hábitos locais – toca a rumar em direcção ao local que neste momento é centrípeto na Rioja Alavesa (quer isto dizer que é a parte da Rioja vinícola que está no País Basco, na província de Álava). Eu sei, eu sei, é complicado perceber bem a organização territorial à primeira mas depois de uns anos a gente habitua-se… Bem, a pequena terra chama-se Elciego e concentram-se ai 14 adegas, entre as quais a de Marquês de Riscal. Ora exacto, é essa mesma que comprou ao Frank Gehry o "desenho" e mandou construir a “coisa lá de baixo” que já descrevi num post anterior e que teve direito de inauguração com a presença do Rei e tudo. Adiante… É muito interessante o impacte que uma obra destas tem numa pequena vila rural que poderíamos comparar a algumas das nossas aldeias em Portugal. O local virou uma romaria para todos: as elites que procuram a obra do famoso arquitecto e todo o tipo de curiosos em excursão... De camioneta, de carro, a pé, de bicicleta, as pessoas chegam de todo o lado de máquina fotográfica em riste e com a expectativa de poder estar perto da obra, levar um bocadinho para casa armazenado nos pixeis da câmara..

A minha expectativa também era grande e depois de lá estar não pude deixar de me surpreender, não com a obra em si, mas com o impacte que tem no sossego daquela (anteriormente) pacata vila e também na paisagem e ambiente da mesma.

Quem parece não se preocupar com o sossego são os hóspedes do luxuoso hotel, pois a protecção em torno deste é mais que muita. Do lado de cá das grades vemos o hotel à distância...

20 October 2006

Grupo de Estudos Ambientais ou nova campanha publicitária de uma marca da moda?

ELAS E ELES


Até o Miguel Ângelo fazia asneira, tá?

Ontem visitei a Igreja La Redonda, a concatedral de La Rioja (em Logroño), para ver o tão famoso "Calvário" de Michelangelo Buanarrotti, o génio renascentista...
O quadro é pequeno. Fiquei com a mesma impressão que tive quando vi pela primeira vez a Mona Lisa de Da Vinci: meio palmo de quadro para dez de segurança! Mas como as grandes obras não se medem aos palmos...
Mas toda esta introdução para dizer o seguinte: a mão da virgem, figura da esquerda, foi corrigida (houve um "arrependimento" do artista) para introduzir a figura aos pés de Jesus, a Madalena. Esse "arrependimento" é bem visível no quadro ao vivo e creio que nesta imagem também se percebe algo...
De dizer que o pároco local tem nas obras de arte desta igreja uma fonte regular, e de certeza signficativa, de receitas. Por exemplo, este quadro (porque há outros na mesma situação...) está escondido numa arca de alta segurança que só se acende para permitir o seu visionamento contra a entrega de 50 cêntimos. Claro está que à volta do quadro se vão juntando vários turistas, assim com jeitos de desinteresse mas constantemente a rondar a área, para ver qual é o primeiro a desembolsar a dita moeda e permitir assim que todos os outros vejam a obra. :-)

Depois de umas frutas tortas...

Nada como juntar um jarro e um pão à louca odisseia... e voilá!! Continua a minha saga pelos caminhos da ilustração...

19 October 2006

O que se passa de verdade no Porto?

Eu não queria ser mais uma a incendiar o porventura já mais que consumido debate, mas hoje de manhã um amigo escreveu-me umas frases que me despertaram. Infelizmente ainda não consegui construir a minha ideia sobre o tema. Ele dizia "um grupo de românticos do Rivoli desassossegou-nos a todos. A cidade anda letárgica. Ou seremos nós que andamos assim e transferimos para a cidade, essa entidade abstracta, os nossos estados de espírito?".
Que opinam sobre isto?
(a foto não é minha, é do Ramonet)

Frank O. Gehry fez "a coisa lá de baixo" na Rioja

Sim, "a coisa lá de baixo" é o nome dado pela população de Elciego ao absolutamente exuberante hotel de luxo desenhado pelo Frank. Fica a 10 km de aqui, na Rioja Alavesa. Tenho que ir lá um destes dias comprovar se ao vivo é tão espectacular.
Devo desde já dizer que os programas neste hotel de luxo incluem vinoterapia. Hummm, um spa com vinho tinto: o que se pode querer mais? :p
Qual é a vossa opinião sobre "a coisa lá de baixo"?

18 October 2006

Ibéria ou Espanha? Fusão ou digestão?

Quase metade dos espanhóis é favorável a uma união entre Portugal e Espanha
PÚBLICO, 18.10.2006

"São mais os espanhóis do que os portugueses que veriam com bons olhos uma eventual união entre os dois países vizinhos. Quase metade dos espanhóis contra pouco mais de um quarto dos portugueses.
Uma sondagem publicada ontem pela revista espanhola Tiempo revela que 45,6 por cento dos espanhóis são favoráveis à fusão. Destes, a maioria (43,4 por cento) defende que o novo país deve ter um velho nome - Espanha -, ao passo que 39,4 por cento chamar-lhe-iam Ibéria; e a esmagadora maioria (80 por cento) defende que a capital deve manter-se em Madrid, contra apenas 3,3 por cento que favorecem Lisboa. Cerca de metade dos inquiridos defende a manutenção do actual regime monárquico espanhol contra 30,2 por cento favorável a uma República. A sondagem revela que o apoio à união entre os dois países é particularmente elevada entre a população mais jovem, dos 18 aos 24 anos, com mais de metade (50,8 por cento) a mostrar-se favorável a essa opção. Esta sondagem surge poucas semanas depois de uma visita presidencial de Cavaco Silva a Espanha e de uma sondagem publicada pelo semanário português Sol que indicava que 28 por cento dos portugueses são a favor de uma integração de Portugal e Espanha num único Estado. Esta revelação teve, porventura, mais eco do outro lado da fronteira do que cá, suscitando artigos de opinião na imprensa espanhola e até uma reportagem no telejornal da TVE sobre como as tabuletas comerciais (em português) teriam de ser alteradas (para castelhano), se tal fusão se concretizasse...Para ilustrar uma hipotética união ibérica, a revista Tiempo publica uma reportagem realizada nas aldeias vizinhas de Rionor de Bragança (Portugal) e Rihinor de Castilla (Espanha), separadas apenas por um rio."

Mariaaaa, que pasa con la téle?

Ontem foi o dia da maçã e da pêra


Depois de dois jarros ontem foi o dia de desenhar uma maçã e uma pera, às quais foi ainda adicionada, mais tarde, uma banana. Uma verdadeira salada de fruta! :-)
Não se vê muito bem mas no papel colado na parede está a minha obra prima. A obra da revelação de uma artista "que não vai a lado nenhum", como diria o Ricardo no Gato Fedorento!
:p

Algumas imagens de Angola

Estas são só algumas imagens mandadas a partir de Angola. São aquelas imagens que não se podem tirar em caso algum, de acordo com as regras vigentes. E são também aquelas que retratam um bocadinho do país real...

17 October 2006

O que é feito do meu dinheiro?

Ontem, numa estadia de uma hora na Biblioteca Municipal, dediquei-me com atenção ao Relatório de Desenvolvimento Humano de 2005 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Claro está, fui em busca do lugar de Portugal no índice de desenvolvimento humano (IDH)* e ainda de alguns outros indicadores.
Decidi fazer alguma comparação de realidades - uma que conheço bem e outra que estou a começar a conhecer - tomando nota de alguns números de Portugal e Espanha.
E ao fazer este exercício não pude deixar de me questionar o que é feito do meu dinheiro, aquele que dou às bateladas ao Estado Português?
Ok, vejam alguns números e depois por favor ajudem-se a ver se estarei errada:
- Portugal ocupa o 27º lugar do IDH e Espanha está em 21º. E isso acontece essencialmente porque em Espanha se produz mais (22.391$ versus 18.126$ em PIB per capita), se esperam viver mais anos à nascença (79,5 vs. 79,2 anos), se está mais alfabetizado (97,7% da população vs. os 92,5% em Portugal). No outro indicador que entra para o cálculo deste índice - uma combinação das matriculas em vários níveis de ensino básico - estamos quites (94%).
Até aqui ainda vá, mas... olhem para as prioridades do gasto público:
- Portugal gasta 5,8% do seu orçamento em educação, 6,6% em saúde e 2, 1% em despesas militares. Espanha gasta respectivamente, 4,5%, 5,4% e 1,2%. Gasta percentualmente menos em tudo. E tem mais resultados.
Olhando somente para a Saúde: com o investimento realizado anualmente por Portugal esperar-se-ia que o nosso sistema nos desse um pouco mais. Olhando somente para estatísticas, por exemplo, Espanha tem 320 médicos por cada 100.000 habitantes e Portugal tem somente mais 4... Além disso, em Portugal pagamos taxas moderadoras para tudo - nos centros de saúde, nas urgências, ao fazer exames médicos... Em Espanha um cidadão não tem qualquer custo extra quando frequenta qualquer instituição do sector. O que estaremos a fazer mal em Portugal?
- E porque gasta Portugal (números de 2003) o equivalente a 2,1% do seu PIB em despesas militares? Por favor expliquem-me senão o momento de acertar contas com o Estado vai ser cada vez mais difícil de suportar.

*Mais info em: http://hdr.undp.org/

Uns flashes de Vitória...

1. Catedral "Aberta por Obras". Viva quem tem visão para perceber que um problema facilmente se transforma numa oportunidade. Se calhar esta catedral de Santa Maria nunca teve tantos visitantes... 2. Presos polítics da ETA. Este cartaz está em muitas janelas, varandas, paredes e contesta o facto de os presos políticos da ETA estarem em cadeias dispersas por toda a Espanha, o que dificulta as visitas de familiares e amigos. O governo alega questões de segurança...

3. Pintxos. Recomenda-se o Bar Toloño na Cuesta de San Antonio. Oram vejam...

Uma Vitória para os peões

Vitória Gasteiz - é a capital política do País Vasco. E é a capital dos peões e bicicletas. Toda a cidade tenta ser o mais amigável possível para estes.

Áreas interditas ao carro, bicicletas de empréstimo em diversos pontos da cidade, guias próprios com as ciclovias e corredores pedestres...

Curiosamente é uma cidade até bastante desnivelada. A parte medieval e a área de crescimento da cidade estão tão desniveladas que os locais se orgulham de apresentar nos guias turísticos a obra arquitectónica realizada par vencer esse desnível: os Arquillos.

Aqui o desnível não é desculpa para não promover a utilização da bici.

Porque é que os espanhóis são assim?

Uma coisa que me faz sentir 'estrangeira' por estas terras, seja no norte, centro ou sul de Espanha, é a maneira como estacionam os carros e, claro está, os retiram dos ditos aparcamentos. A expressão "estacionar de ouvido" faz muito sentido para estes lados.
Sem qualquer tipo de inibição batem à frente e atrás até tirarem ou estacionarem o seu carro, mesmo quando têm espaço mais que suficiente. E ao abrir as portas do carro também não se impedem de fazer umas mossas nas portas dos carros estacionados ao lado. É claramente uma questão cultural que acentua este espírito de "torero" dos espanhóis. Para mim é um choque cultural e para o meu pobre carro não foi um: foram já vários e que deixaram marca!
Ok, nem tudo é negativo e há que lhes dar o valor devido e dizer que são verdadeiros mestres: conseguem estacionar o carro em espaços inimagináveis.
Não posso deixar de contar esta história: uma vez, com uma espanhola como co-piloto, estava a tentar estacionar o carro e procurava um lugar onde - segundo os meus critérios - o carro encaixasse. Ela só dizia: "aqui, este, aqui...eu já tinha estacionado o carro há muito tempo!"

16 October 2006

Gogoratu Kontuz Gasteiz Ongi Etorri Agur Zentruak

Gogoratu, Kontuz, Gasteiz, Ongi Etorri, Agur, Zentruak. Quer dizer: Lembre, Cuidado, Vitória, Bem-vindo, Adeus, Centro... A lígua dos vizinhos bascos é mesmo absolutamente distinta e fantasticamente divertida de tentar pronunciar. Tenho andado a recolher algumas palavras à medida que as vou encontrando em sinais na estrada, lojas, cartazes a rua e afins... Estamos aqui a menos de mil metros de distância do País Vasco. Ora experimentem ler o nome desta rua e descobrir o que significa! Mais caramelos "El Logroñes" postos a concurso nesta edição!

Tudela em Navarra - a cidade das surpresas

Aqui neste enclave que é Logroño, esta cidade que quase ninguém conhece e que me pedem incessantemente para repetir o nome porque não fica facilmente no ouvido :-) temos a sorte de estar num cantinho mesmo ao lado das comunidades de Navarra e Pais Vasco e muito perto de Castilla-León. Por exemplo, Pamplona e Vitória não estão a mais de 80 km, e Bilbau e Burgos a cerca de 130km. Mas essas são as grandes cidades. Muitas outras há no intermédio...
Por exemplo, Tudela, na comunidade de Navarra, é muito conhecida pela sua catedral românica, plantada sobre um templo árabe e com detalhes góticos. Nesta catedral foram recentemente descobertos vestigios arqueológicos romanos e medievais, quer católicos, quer árabes. Ainda estão em fase de busca...
É uma cidade com um centro histórico absolutamente decadente - infelizmente como muitos por estes lados. O que mais gostei? Dos pimentos a secar janela sim, janela não...
Um dado curioso: Napoleão andou por estes lados e ao contrário do que aconteceu em Vitória - onde está um memorial à vitória dos espanhois - a 23 de Maio de 1808, na "Batalla de Tudela", Napoelão levou a melhor e por isso o nome desta cidade está inscrito no Arco do Triunfo em París.

9 October 2006

O meu conta kilómetros gasta pneus

Sim, é verdade. Esta maquininha fantástica - o pedómetro - conta as milhas percorridas num percurso a pé. Tem um sensor de movimento e conta o número de passos dados e calcula, por estimativa, a distância percorrida.
Tenho o meu pedómetro guardado há exactamente 2 anos -tinha-o trazido dos Estados Unidos - e nunca (!) o tinha utilizado. Agora posso contabilizar os km que percorro a pé... e com mais alguns números calcular a energia dispendida em cada percurso. Vamos lá ver se os pneus se gastam ou não!

A cidade é uma reacção química

Esta noite estive a assistir a uma conferência sobre mobilidade sustentável na cidade de Logroño. Sem querer escrever demais - até porque muito do que foi dito já conhecemos da realidade portuguesa - queria partilhar algumas ideias chave com que o palestrante nos presenteou:
1. A cidade é uma reacção química. Podem existir no local todos os componentes mas faltar algum catalisador que inibe a reacção... Podem existir muitas pessoas e não haver cidade. podem existir muitos espaços públicos e não haver cidade.
2. Idealmente não devemos defender os "carris bici" nas cidades. Devemos é tentar promover a necessidade de se criarem os "carris coche". Isso seria o ideal: o carro ser relegado para a posição que deveria ocupar na cidade - um lugar terciário.
3. Os carros nas cidades comportam-se fisicamente da mesma forma que os gases: se comprimidos ocupam pouco espaço, se libertados expandem-se por todo o lado...
4. É realmente estranho que o nosso ideal de transporte na cidade seja uma "bola metálica de 1500 kg" com uma eficiência de 1% (esta eficiência resulta da seguinte combinação: a eficiência energética de um veículo a motor tem uma eficência energética de cerca de 20%; a eficiência de um veículo de 1,5 toneladas para transportar 60kg (uma pessoa) é de 5%).

Três cegonhas negras no Embalse de las Cañas


Fantástico. Mal poderia imaginar que numa pequena lagoa ao lado de um polígono industrial - apesar de ser apelidada de Reserva Natural - iria encontrar nada mais nada menos que 3 cegonhas negras. Primeiro uma meia perdida ali entre umas quantas cegonhas-brancas e muitas mais garças-reais. Eis que chegam mais duas. Planam em circulos em cima da lagoa até finalmente pousarem. Começaram a ambientar-se - nomeadamente apreciando frente a frente as complementares cegonhas-brancas - e depois toca a encher o papo, que comida ali não falta.
Escusado será dizer que ganhei o domingo!
Não vos vou pedir que identifiquem onde estão na foto ;-) mas posso garantir que as três familiares negras estão lá! Uma na água e duas ao fundo, na margem.

Benvindos à republica independente do meu escritório

Uma coisa aprendi ao fim destes anos: preciso de ter o espaço organizado muito à minha maneira para poder sentir-me "em casa" e trabalhar de forma produtiva.
Por isso a semana que passou foi um pouco esse período necessário para criar o meu "pequeno reino" cá em casa. E voilá, cá está o quarto dos neurónios em ebulição...
Escusado será dizer que é um escritório cujas peças são provenientes do expoente máximo da globalização em termos de "casa e decoração": 0 Ikea... Nada é perfeito e o meu escritório também não foge à regra, mas dada a dimensão do orçamento que tinha disponível não me posso queixar muito.
Por coincidência, um dia depois da visita ao Ikea estava a ler um semanário e saltaram dessas páginas alguns factos curiosos sobre a multinacional sueca.
Sabiam que o catálogo do Ikea tem uma tiragem muito superior a qualquer outro livro? 160 milhões de exemplares por ano! É o livro mais lido do mundo...
Há cerca de um ano o arquitecto Rem Koolhaas, que todos conhecemos pela Casa da Música, e que não é propriamente considerado um integrado, escreveu no seu livro/exposição Content a cartografia das coisas que nos tornaram uma sociedade irremediavelmente globalizada. Os armazéns Ikea surgem em quarto lugar, logo após as bases norte-americanas, o MacDonalds e os países que emitem o Big Brother...