Voltei à minha fase José Saramago, talvez por ter lido recentemente no El País uma frase que me deixou algo perplexa com a pretensão que encerrava. Dizia, a propósito do lançamento em Espanha da sua pequena biografia da infância e juventude, algo semelhante a isto: “graças ao trabalho de tradução da Pilar o Saramago é o maior escritor espanhol de expressão portuguesa”. Terei feito uma interpretação errada da frase? Que significa isto?
A verdade é que o José Saramago é muito apreciado em Espanha. Juntamente com o António Lobo Antunes. São os dois autores que vejo frequentemente na imprensa e nos escaparates das livrarias. O livro “Pequenas Memórias” está em destaque em todas as livrarias de Logroño.
Talvez graças a este impulso li de seguida o "Ensaio sobre a Lucidez", a "Jangada de Pedra" e as "Pequenas memórias" que comprei em português na minha última e curta incursão ao Porto em Fevereiro.
Todos os livros são igualmente interessantes. O mais mágico? A Jangada de Pedra, sem dúvida. A Península Ibérica, depois de se descolar inexplicavelmente da Europa pelos Pirinéus, está literalmente à deriva no Atlântico, sem rumo certo. Os povos ibéricos saem da sua rotina e acompanham este movimento errante, em busca de algo... Um pequeno grupo de portugueses e espanhóis juntos por partilharem alguns fenómenos insólitos segue estas migrações, cria relações, cresce com o tempo. Cada uma destas pessoas também erra na busca da sua vida… Ao ler o livro não pude deixar de pensar nas bonecas russas, uma dentro da outra, dentro da outra, dentro da outra…
O “Ensaio sobre a Lucidez” deixou-me lucidamente esclarecida sobre até onde poderão ir os políticos que se vejam despeitados pelos cidadãos. É ficção o que se lê naquelas páginas mas podia muito bem ser verdade.
As “Pequenas Memórias” são mesmo isso. Sabem a pouco. O livro ajudou-me a conhecer melhor o Saramago (ou melhor, o Sousa) que escreve livros fantásticos mas falta-lhe algo…
26 February 2007
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment