Esta semana recebi uma carta do meu Centro de Saúde (em Paranhos) a dar explicações do inexplicável sobre o que se passou na minha última ida ao mesmo (em Dezembro de 2006) e que, claro, se traduziu numa outra reclamação no livro amarelo (aquele que guardam à chave no cofre e que nem sequer sabem utilizar convenientemente).
Em linha gerais passou-se isto (para quem tiver paciência para ler…): telefono para o Centro em finais de Novembro a pedir uma marcação com a minha médica. Sou informada que já não tem vagas para 2006. Explico que é uma situação excepcional e que precisava que visse os resultados de uns exames. Respondem-me que em Dezembro (nas datas em que eu estaria no Porto) dá consultas de recurso das 8 às 9h da manhã em dois dias da semana e que apareça. Chego ao Centro de Saúde num desses dias, a poucos dias do Natal, e ao perguntar pela médica sou imediatamente informada que a “doutora está de ferias”. Ao explicar que me tinham dito para ir lá encaminham-me para outro guichet onde sou olhada de soslaio. Sim? Olhe, passa-se isto assim, assim, digo eu. A senhora olha-me com cara de “nada a fazer”, mas não com pena da resposta que teve que me dar mas quase com prazer em dá-la. Fiquei absolutamente fora de mim, apesar de continuar a parecer que estava dentro. Mas há outro médico que possa ver os exames que trago? Depois de alguma insistência da minha parte, “tente ir à consulta de recurso”, diz-me finalmente sem grande modos. Volto atrás. Onde me inscrevo para a consulta de recurso? Ai não lhe adianta - responde-me o segurança com toda a leveza - a médica faltou.
Eu não discuto o direito às férias da minha médica, nem tão pouco o direito a faltar da médica de recurso (apesar de o achar extremamente oportuno para fazer as últimas comprinhas de Natal, mas adiante…). O que eu não posso suportar é a leveza com que os funcionários me trataram. Primeiro dão-me uma informação telefónica incorrecta (por absoluta falta de zelo profissional), depois dão as más notícias com um gozo quase descarado e por último não estão minimamente preocupados em contribuir para a resolução de um problema concreto que um cliente (e não utente!) lhes coloca. O Compliquex domina e a falta de Zelex cavalga.
A utilização do livro de reclamações nesse dia foi outra aventura. Primeiro a pessoa que mo poderia dar ainda não tinha chegado. Tive que esperar. Depois trocaram-me os papéis químicos e demais de tal forma que faltavam cópias, deram-me o documento errado (cada folha tem uma cor distinta que deve ser mantida no centro, dada ao utilizador ou enviada para o ministério da saúde). Duas horas depois de eu ter saído do Centro de Saúde ligam-me da secretaria com falinhas mansas a pedir que volte ao Centro porque o livro não estava bem preenchido… Nessas alturas sabem usar da boa educação.
Nesta mesma semana, graças à gripe que trouxe do Porto tive que ir ao Centro de Saúde cá em Logroño. Fui ao Centro de manhã, mostrei o meu cartão europeu de seguro de doença e marcaram-me a consulta ainda para esse dia. Não tive que provar que morava ali, só tive que indicar a minha morada. Não paguei taxa moderadora. Fui atendida 10 minutos depois da hora marcada. O médico escreve o historial directamente no computador e imprime as receitas na hora. Isto é que é Simplex!
27 February 2007
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1 comment:
Marta, de facto é uma vergonha o que se passa ao nível da saúde neste pais. E não achas que deverias tornar pública a tua história? O que este pais precisa, na minha opinião, é ser abanado! As pessoas têm de tomar acção. Não deixar passar... não encolher os ombros e dizer "é o pais que temos"!! Eu tb digo e faço o mesmo... Mas cada dia que passa acho que não está certo. Sim, na realidade é o pais que temos agora. Mas não é o pais que todos merecemos. E NÃO É O PAIS QUE EU QUERO PARA MIM!
Por isso passei a reclamar... Sempre que uma situação não está bem e que eu vejo, já não deixo passar... já não encolho os ombros... ligo. envio e-mail... uso o livro amarelo. chateio... reclamo... ligo novamente...
e instigo toda a gente para o fazer... pq no fundo, eu, sozinha, posso não fazer grande barulho, mas todos... quem sabe? pode ser que alguém nos ouça!
bj
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