8 January 2007

As incoerências de Durão Barroso

Esta tarde na bibioteca li na última Newsweek um artigo sobre os 4X4 e outros carros volumosos na Europa. O título dizia algo cuja ideia era "Os europeus não querem parecer-se aos americanos mas nos carros seguem-lhes as pisadas..."
Fala então que na Europa as vendas desses SUV (sport utility vehicle) crescem ao ano 7%, apesar de serem altamente ineficientes (e consequentemente poluentes) para transportar passageiros nas cidades. Refere ainda em jeito de crítica que o presidente da Comissão Europeia, o Engº José Manuel Durão Barroso, poderia ter dado um melhor exemplo aos europeus escolhendo um veículo oficial mais eficiente e não o seu VW Tuareg, que cai nesta categoria dos SUV...
E agora chego a casa e leio esta notícia:
"Portugal desperdiça 60% da energia que consome. Lembrar a dimensão do desperdício ganha relevância esta semana, em que a Comissão Europeia se prepara para apresentar uma nova estratégia para a energia que aponta para poupanças de 20% no consumo até 2020, por via de ganhos de eficiência. (Jornal de Notícias).
E só posso concordar como o nosso mundo está cheio de incoerências. Somos mesmo assim.
(efectivamente esta critica também me toca particularmente que conduzi um TT em plena cidade durante alguns anos... :-)

2 comments:

Anonymous said...

Já desde o princípio do mandato que o Dr. Durão Barroso usa este carro. E fê-lo imediatamente antes ou depois de ter comentado as elevadíssimas emissões de CO2 que libertavam.
Mas, mesmo assim, tal não influenciou a sua (má) escolha.
Nem aquela de milhões de pessoas, dos quais muitos são bem informados, que mantêm o uso de viaturas semelhantes.
Quando tinha 20 anos, a carta acabada de tirar, dizia que um dos carros que haveria de comprar seria um TT. Entretanto, numa das minhas actividades profissionais, fazia muitas saídas pelo meio dos montes. E essa aquisição faria muito sentido.
O tempo foi passando, e troquei de carro há ano e meio. E comprei uma carrinha familiar. E quando (se) trocar esta, vou trocar por outra idêntica, nunca por um TT.
Porque a família foi aumentando, as deslocações ao monte tornaram-se (infelizmente) bastante mais escassas, e as emissões de CO2 desses veículos não diminuiram.
Apesar de já haver tecnologia de série que o permitisse, instalada noutros veículos.
É uma pena.

m:p said...

09.03.2007, li no jornal online Portugal Diário:
"Quando a BBC lhe pediu um comentário sobre a disparidade das políticas que defende com o carro que conduz, Barroso não se manifestou preocupado. «O nosso dever é estabelecer metas e traduzi-las em legislação. Não penso que este clima de moralismo demasiado zeloso, em relação ao ambiente, nos ajude», cita-o assim o sítio na Internet da cadeia televisiva, a quem Barroso ainda terá dito: «Não comento escolhas privadas, as escolhas da vossa família ou da minha família»."
Há algo mais a dizer?