Esta última semana estive a trabalhar em conteúdos para uma exposição sobre água. O objectivo era mostrar ao visitante deste espaço como a sua região é rica em valores naturais, culturais, patrimoniais e como a água tem desempenhado ao longo da história um papel fundamental na origem e manutenção desses valores. Isso enquadra depois o resto do conteúdo sobre uma empresa que trata água para abastecimento e recolhe e trata esgotos. A propósito disto tive que fazer uma extensa pesquisa de dados... E é sobre isso que queria partilhar algumas linhas.
Encontrar dados fiáveis sobre o que quer que seja em Portugal é muito complicado. Se consultar três fontes distintas e expectavelmente "de confiança" para o cidadão, por exemplo a página na internet de uma autarquia, da região de turismo e do instituto de conservação da natureza, podem sair dados tão díspares e difíceis de verificar que torna a missão de juntar informação quase impossível. E não estou a falar de informação "reservada"...
Eu precisei do triplo do tempo razoavelmente necessário para escrever o conteúdo porque precisei de fazer confirmações e contra-testes a essas confirmações numa base horária. Sim, porque a cada hora - enquanto tentava tratar os dados para depois começar a escrever - estava a descobrir algo de novo! Mesmo dentro dos dados de uma única entidade - mas em fontes documentais diferentes - podemos encontrar números flagrantemente díspares.
Só posso concluir uma de duas coisas: ou no nosso país as pessoas que dizem que a matemática é um "bicho de sete cabeças" para a maioria têm muita razão ou os números em Portugal têm a grande facilidade de ser "contorsionistas": ora esticam para um lado, ora para o outro, ora para lado nenhum.
Mas o que mais me choca de tudo é a total e absoluta falta de coordenação e desconhecimento mútuo dos "achados e feitos" das várias entidades e muito particularmente a pobreza generalizada da informação nas páginas municipais.
Uma autarquia que se preze deveria manter actualizados os valores municipais e os projectos na área do ambiente, turismo, sociedade. Esses dados são essenciais para a valorização dos territórios, quanto mais não seja para a promoção turística. É importante dizer se o município está integrado numa rede natura 2000 ou numa área protegida, se tem imóveis de interesse público classificados (além das habituais igrejas, ermidas e pelourinhos...), que actividades de lazer e cultura são oferecidas, entre muitas outras informações úteis a residentes e visitantes que agora não vou enumerar porque o texto já vai muito longo...
Para não multiplicar esforços, assumindo que existem entidades supramunicipais ou regionais com competências específicas em certas áreas (por exemplo, o turismo) pelo menos deveriam as páginas municipais sistematicamente encaminhar para essas entidades. Já que em Portugal os municípios de associam aparentemente 'livre e caoticamente' para dar resposta a diferentes reptos, um determinado municipio X deveria informar os seus munícipes que para tratar questões da água estou com estes, para tratar dos resíduos estou com aqueles, para o turismo com aqueloutros e por ai adiante. Fica a sugestão, se valer.
6 November 2006
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1 comment:
bem, até é giro podermos escolher os números que mais nos interessam e ter sempre uma fonte que o justifique!
e essa parte do mocinho da coca-cola vir trazer os dados também teria o seu interesse...
;-)
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