9 March 2007

Antes da pimenta, um pouco de sal

As salinas que por estas áreas predominam são as de diápiros salinos ou salinas de manancial (de interior). Mesmo aqui ao lado, estão as mais importantes de Espanha: as Salinas de Añana na província de Álava (declaradas monumento histórico) e as de Pozas de la Sal, na província de Burgos. Nestes locais as águas dissolvem os terrenos salinos por onde passam e ao vir à superfície carregam consigo os sais que as tornaram tão importantes desde tempos muito remotos. Além do valor geológico, ambas estas zonas são hoje em dia ricas em património histórico, cultural e construído, que lhes foram facilitadas pelos poderes misteriosos da combinação entre os solos e a água.
As salinas de Añana são surpreendentes. Estão infelizmente num estado de elevada degradação, apesar dos esforços que estão a ser feitos para a sua recuperação (obrigatoriamente artesanal). Ao olhar para aquele pequeno vale vemos um complexo sistema de aquedutos e conduções de madeira de origem romana que levam a água para tabuleiros de madeira. Toda a estrutura é feita exclusivamente em madeira e pedra. Não há um único elemento ferroso.
As salinas de Pozas de la Sal – onde fizemos um belíssimo percurso de seis quilómetros que une as salinas aos antigos armazéns de sal – são exploradas desde o neolítico. A montanha está perfurada com pequenas balsas onde se conduzia a água até às “eras”, onde decorria a evaporação final da água. Uma nota à parte, em jeito de curiosidade: o naturalista espanhol Félix Rodrigues de la Fuente nasceu nesta povoação, Pozas de la Sal.

(Foto nas Salinas de Añana: Ramón Ruiz)

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